Por que muitas mulheres não fazem boas escolhas amorosas? – Daquidali

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CANOSA, A. Matéria sobre: Por que muitas mulheres não fazem boas escolhas amorosas? 24/5/2017 Para o site daquidali.com.br, 2017
Referências adicionais : Brasil/Português. http://www.daquidali.com.br/colunistas/porque-muitas-mulheres-nao-fazem-boas-escolhas-amorosas


Por que muitas mulheres não fazem boas escolhas amorosas?

O amor não tem garantias. Uma relação de “apaixonamento” precipita um mergulho no desconhecido e normalmente eleva todos os hormônios que provocam sensação de bem-estar e prazer; fica difícil fazer qualquer avaliação racional sobre a conduta do outro. Se lá na frente a paixonite vai render uma história de amor, só é possível saber vivendo a relação. No entanto, há algumas questões que interferem na pré-disposição para uma entrega cega, na qual a pessoa se coloca muito mais na posição de expectadora, do que de protagonista de sua história.

Quando as portas estiveram fechadas

Não é preciso uma aula sobre feminismo, basta um olhar sobre a história. Quanto tempo fomos, como mulheres, impedidas de votar, de trabalhar, de opinar politicamente. Quantas escolhas pudemos fazer sem que tivéssemos antes que passar pelo crivo social do que é coisa ou não é coisa de mulher. Quantas vontades e desejos foram recusados, quantas mulheres sentiram-se diminuídas pela sua condição física, emocional, cognitiva; outras tantas culpadas por não se adequarem aos padrões? Quantas outras só aprenderam que o casamento era a única saída para a sua vida? Segundo dados do PNAD*, “…o Brasil ocupa o 4º lugar no mundo em números absolutos de mulheres casadas até a idade de 15 anos (…) é o quarto país em números absolutos de meninas casadas com idade inferior a 18 anos”. Quando uma mulher cresce achando que sua única vocação é o casamento e a maternidade, pode ser tomada por uma ansiedade crescente que torna seu olhar míope para o parceiro: o que importa é ter um marido, e não quem ele seja. Sendo assim, o primeiro que lhe fizer um afago e prometer-lhe amor, ela se entrega.

Quando tudo o que se deve escolher é a cor do vestido

Aprender a fazer escolhas, muitas difíceis, implica em treino, conhecimento, avaliação e assumir as responsabilidades pela decisão tomada. Quando a uma mulher só lhe está aberta a possibilidade de escolher entre a cor do seu vestido ou de seu batom, como desenvolver a capacidade critica? Como alguém pode fazer avaliação sobre seus sentimentos e necessidades se o mundo emocional é constantemente entendido como “menor”, frescura e mi-mi-mi? Como uma mulher pode aprender a tomar decisões, se alguém faz isso por ela? É fundamental dar voz aos próprios sentimentos, ir em busca de compreensão, colocar-se positivamente. Só alguém que se julga importante para o mundo consegue exigir do outro que suas escolhas sejam legitimadas.

Síndrome da Cinderela

Até bem pouco tempo, as heroínas de histórias românticas eram extremamente submissas, e passivas. Qual a principal mensagem que histórias como Cinderela, por exemplo, passavam para as mulheres? Só as virgens, bondosas e dotadas de qualidades domésticas conseguem um príncipe. Notou que são os príncipes que promovem os bailes para escolherem uma esposa? E todas as mulheres se engalfinham, competem, são capazes de cortar um dedão ou um calcanhar para colocar o seu pezinho no sapatinho da prometida? Que conhecimento sobre o futuro marido, Branca de Neve ou Bela Adormecida tinham? Nenhum. Deitadas sobre um caixão, simbolicamente a vida passava sem nenhum prazer. Acordadas com um beijo por um homem que nem conheciam, seguiam em seu cavalo para uma vida de incerteza, como se a mulher só tivesse identidade a partir do fato de serem escolhidas por alguém.

As pessoas precisam aprender a avaliar suas relações afetivas, antes de entregarem suas vidas e seus sonhos, dar voz a sua intuição, saber o que lhes faz feliz. É muito melhor escolher viver com alguém do que precisar do outro para viver. Porque na segunda opção você se aprisiona; na primeira se liberta!

* Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNAD) de 2006. In: TAYLOR, A.; FONSECA, V. O Controle da Sexualidade Feminina e o Casamento na Infância e Adolescência. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, 26(2), 2015, p. 34.

Fonte: http://www.daquidali.com.br/colunistas/porque-muitas-mulheres-nao-fazem-boas-escolhas-amorosas

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