Vai um nude aí? De saudade a sindicância, o que essas fotos podem causar – UOL Universa

Ana Canosa – Colaboração para Universa

– Amor… manda uma foto sua, tô com saudades.
– Agora?
– Simmmmmmm… 

 

Ele envia uma selfie feita semanas antes…
– Essa não, né?
– Por que não?
– Quero um nude…
– Oi?
– É… uma foto do seu pau.
– Não vai dar.
– Por quê?
– Porque tenho uma reunião em 20 minutos.
– Vai no banheiro, pensa em mim e tira… rapidinho

 

E lá vai o pobre homem, celular em punho, rumo ao banheiro para pessoas com necessidades especiais, que é mais vazio. (Sim, pensa com seus botões, está necessitado de maneira especial).

Hesita. Não sabe ao certo se a namorada quer um close, uma foto “aérea” ou “terrestre” — dessas feitas de baixo para cima. Tira as calças e começa ali seu primeiro ensaio sensual.

Mole. Precisa de um incentivo. Tenta o WhatsApp, mas ali dentro, nem wi-fi, nem 5G. Claro, deve ser para evitar mesmo que as pessoas fiquem mais tempo no banheiro do que o necessário.

Improvisa. Olha o relógio — 10 minutos para a reunião. Concentração. Tenta um pequeno vídeo da ereção. Fracasso. Não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo: pensar em sexo e gravar o vídeo. Tira uma foto. Meia-bomba. Se avalia orgulhosamente “cabeçudo”, mas… olhando bem, meio torto.

A perspectiva estranha, a glande grande em relação ao corpo do pênis, mais fino, levemente envergado para a direita. Sobra de pele. Desiste. Lava as mãos olhando para o espelho com o mesmo misto de vergonha e adrenalina dos tempos da faculdade.

Minutos antes de entrar na reunião, toma coragem e envia a imagem.

Do outro lado, chuva de corações, gemidos por emoji, peitos, bundas e áudios de arrepiar. Ele passa a reunião tendo pequenas ereções entre os gráficos do PowerPoint.

Enquanto isso, o “pinto cabeçudo” vira estrela nos bastidores da loja onde a namorada trabalha. Em meio a araras de vestidos e manequins mal-humorados, uma das vendedoras, empolgada, inspirada na troca de mensagens da colega, decide mandar uma foto para o “ficante”. Pede ajuda para amiga. Farra no provador.

Dias depois, outra funcionária — que estava de folga no dia dos nudes — chega na gerência com o celular em punho, mostrando, incrédula, uma foto de peito que ela jura que não é dela e que achou no celular do namorado. Além das mamas, que ela fez questão de desmerecer, chamando de “tetas murchas”, reconheceu a cortina do provador.

O caos está instaurado. O nude, que começou com saudade, terminou em sindicância.

 

 

Confira também no Portal Universa: Vai um nude aí? De saudade a sindicância, o que essas fotos podem causar

 

Imagem: kaipong – stock.adobe.com

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