[spb_text_block animation=”none” animation_delay=”0″ simplified_controls=”yes” custom_css_percentage=”no” padding_vertical=”0″ padding_horizontal=”0″ margin_vertical=”0″ custom_css=”margin-top: 0px;margin-bottom: 0px;” border_size=”0″ border_styling_global=”default” width=”1/1″ el_position=”first last”]
Ana Canosa conta o que já viveu em anos de consultório
Muito amor, falta de amor, muito tesão, falta de tesão…Os casais vivem de tudo um pouco dentro da relação e a sexóloga Ana Canosa lança o livro “Sexoterapia – Desejos, Conflitos, Novos Caminhos em Histórias Reais” para falar destes problemas. Em conversa com Marie Claire ela fala sobre os conflitos do relacionamento, aplicativos e o futuro do amor.
Marie Claire: Quais os 3 casos mais recorrentes no consultório sobre sexualidade e as soluções
Ana Canosa: Desejo sexual:quando ele diminui nas relações de compromisso, o que é bastante comum. Frequentemente sentimos saudades do momento em que o outro movia o nosso desejo para o encontro sexual, o que acontece no início das relações. Há casais que o mantém porque tem uma memória sexual forte, de reciprocidade, envolto pela confiança, intimidade e pelo alimento do desejo. Para esses é mais fácil retomar, focar na comunicação do que é prazeroso, sair da zona de conforto, lidar com a frustração que sim, às vezes o sexo diminui, mas se tem qualidade, tudo bem. Já os casais que se unem nem tanto por atração sexual, sofrem com a constatação que desejo não se constrói, se tem. Casamentos com pouco ou nenhum sexo não são necessariamente ruins, tudo depende dos acordos e da importância do sexo para cada pessoa.
Problemas com infidelidade conjugal: que estão muito associados a necessidade de viver outras experiências afetivas e sexuais – quando o desejo pelo terceiro se interpõe ao aconchego do amor. Questões relacionadas a monogamia sempre mobilizam nossos ideais e por mais que saibamos que o desejo pode não se esgotar no casamento, que ele é autônomo, a infidelidade é um furo e tanto em nosso narcisismo. Na prática, saber que você não é a única bolacha gostosa do pacote, dói demais! Normalmente os casais não discutem a monogamia, simplesmente assumem que ela é uma condição para relações de compromisso. Então o processo é entender a motivação para a infidelidade, pois as pessoas traem por motivos distintos. É preciso desconstruir o mito do amor romântico, entender o desejo e buscar novos acordos. A monogamia é antes de tudo uma escolha, às vezes e para alguns, difícil de fazer.
Disfunções sexuais: como terapeuta sexual recebo muitas pessoas com problemas em sua resposta sexual: falta de orgasmo, transtorno erétil, ejaculação precoce ou retardada. Boa parte motivadas por causas psicogenicas como insegurança, baixa autoestima, falta de autonomia sexual, falta de informação e problemas no relacionamento conjugal. A jornada pode ser simples, quando só informação e orientação resolvem ou complexa, quando o processo passa pela elaboração emocional de questões profundas e enraizadas no psiquismo. Mas sempre é uma delicia trabalhar com a dimensão do prazer na vida das pessoas!
MC: Como você vê o amor na era dos aplicativos de relacionamentos
AC: Aplicativos de relacionamento são ferramentas que facilitam os encontros. Se por um lado favorecem que você possa escolher pessoas que supostamente se afinam aos seus desejos e que tenham prazeres em comum, por outro lado limitam as possibilidades de descoberta do outro, porque dão a sensação de que o próximo parceiro sempre pode ser melhor, tornando a busca infinita e frustrante. Há uma urgência sexual que pode objetificar o outro e provocar mais desprazer do que prazer. Tudo depende de como as pessoas se colocam e o que buscam. Conheço pessoas que abriram suas possibilidades por causa dos apps e outras que sofreram com desilusões, pois buscavam amor em encontros que tinham objetivos sexuais.
MC: As relações amorosas estão indo para qual caminho?
AC: Não sei. Acho o amor uma motivação maravilhosa para a vida. As pessoas gostam de serem únicas, eleitas, especiais. E o amor é uma força que alimenta essa necessidade. Mas antes de tudo é uma escolha, ou seja, não basta amar, mas sim agir de maneira amorosa com o outro. O amor sem ação é mera ideia subjetiva. Reclamação comum no consultório tem a ver com a falta da atitude amorosa dos parceiros. Dizer que ama é fácil – alimentar o amor do outro não. Eu acho que sempre iremos em busca do amor, ele pode estar menos romântico, ele se apresenta em formatos diferentes nas relações, ele pode não ser exclusivo. Pode não haver um único amor, mas varios amores. O problema está na disposição das pessoas, cada vez mais voltadas aos seus interesses individuais, em colocarem a sua energia na relação para fazer o outro feliz. Amar o outro apesar de todos os desafios e frustrações. Construir. Há uma crise na ideia de compromisso, as relações estão mais frouxas, as pessoas mais egotistas. É engraçado que algumas pessoas monogâmicas e casadas se questionam diante de tanta espetacularização do sexo e do amor: eu não vou a casa de swing, só tenho um parceiro, nunca trai, não tenho orgasmos múltiplos, não achei o ponto G, só amo o(a) meu parceiro(a) será que tem alguma coisa de errado comigo? O amor construído e profundo, aquele que estabelece cumplicidade, que se basta na relação com a pessoa do outro, em tempos de relações líquidas, pode ser um fetiche e tanto!
Fonte: https://revistamarieclaire.globo.com/Amor-e-Sexo/noticia/2018/05/3-problemas-sobre-sexualidade-e-relacionamentos-e-suas-solucoes.html
[/spb_text_block]